Já estamos quase na reta final de 2023, em plena correria natalina, reencontros familiares, amigo secreto e a festa da firma, os presentes de última hora, bebidas e comidas saltando aos olhos como tentação ou parte da tradição. Dezembro também marca o desfecho de um ciclo no mundo corporativo. Em meio a esses e outros tantos acontecimentos, ainda existe um evento que gera uma mistura peculiar de sentimentos, a famosa avaliação de desempenho.
Embora essas avaliações sejam essenciais, muitas empresas ainda as realizam nos 47 do segundo tempo do fim do ano, criando um cenário de angústia, constrangimento e frustração, que por vezes, se espraia até a tão esperada festa da firma. Em uma era que a informação flui rapidamente e as mudanças ocorrem em um piscar de olhos, o método tradicional de avaliação profissional precisa de ajustes, melhores técnicas de comunicação e participação efetiva da liderança para gerar motivação e eliminar riscos de insegurança psicológica no ambiente de trabalho.
A avaliação de desempenho é uma parte crucial na compreensão do progresso das áreas e atividades de desenvolvimento dos colaboradores. No entanto, em um ambiente dinâmico, como o que vivemos, a abordagem convencional pode perder eficácia quando se depara com a diversidade que existe no mesmo local de trabalho. Avaliar alguém vai além de apontar pontos fortes e limitações, deve ser considerado uma forma de construir uma cultura organizacional sólida, um canal especial de diálogo para fortalecer a credibilidade desse tipo de dinâmica no mundo do trabalho.
E por falar em dinâmica, por que não ajustar certos eventos para termos mais possibilidades de ganhos? Em vez de relegar a avaliação de desempenho a único dia no calendário, que tal uma abordagem contínua, como se fosse algum tipo de suplemento vitamínico que precisamos ingerir de quando em quando para nos conferir mais energia. Em vez de dezembro, poderíamos verificar a possibilidade de distribuir essa carga ao longo dos meses do ano, uma conversa mensal mais contextualizada, centrada nas realizações e desafios recentes, em ajuste e correção de rota.
Feedbacks regulares, baseados em conquistas profissionais e desafios periódicos, podem transformar essas avaliações em uma ferramenta de apoio ao desenvolvimento profissional. É algo simples, mas tem potencial para gerar uma mudança de percepção e criar um ambiente mais colaborativo, ajudando a fortalecer os canais de comunicação da empresa e aprimorar a relação entre liderança e colaboradores.
Em ambientes de trabalho cada vez mais ocupados pela diversidade de várias gerações, é fundamental reconhecer as distintas expectativas e necessidades das pessoas. Enquanto as mais experientes e maduras podem preferir avaliações formais e anuais, as gerações mais jovens, por sua vez, precisam de escalas mais curtas e diálogos frequentes e informais. Estabelecer normas claras sobre intensidade, formato e responsabilidade de feedback é uma decisão acertada que pode evitar conflitos e ruídos de comunicação.
A liderança desempenha um papel crucial na implementação desses ajustes, assim como a comunicação assertiva e isenta de percepções pessoais é fundamental. Quem estiver a frente desses processos, deve fornecer dados e justificativas para contextualizar a avaliação do profissional, mostrar a conexão entre a análise e os impactos na área de trabalho desta pessoa. Esses cruzamentos de informação são essenciais para fortalecer a confiança e compreensão dos colaboradores. Ao adotar uma dinâmica mais fluida na avaliação de desempenho, a empresa contribui para o desenvolvimento contínuo dos colaboradores, aumenta a confiança e reduz a insegurança psicológica, associada a métodos tradicionais de feedback.
A avaliação de desempenho transcende a análise anual, ela é uma ferramenta estratégica para promover a evolução das pessoas e fortalecer a cultura da empresa. Com uma abordagem mais dinâmica, é possível apoiar o crescimento das pessoas, aumentar a confiança e a motivação.
Para as pessoas que têm o papel de avaliar outras, é vital uma dose especial de empatia, clareza e imparcialidade, detalhando as conquistas e pontos de melhoria de maneira construtiva, destacando pontos fortes, e nas oportunidades de melhoria, promover um ambiente de aprendizado contínuo. Os colaboradores devem sair desses processos com uma percepção valorizada de sua contribuição para a empresa, bem como do impacto das informações compartilhadas.
Adotar uma abordagem mais fluida e comunicativa na avaliação de desempenho contribui para um ambiente de trabalho positivo e produtivo, tornando a festa da firma em uma celebração de conquistas contínuas e crescimento conjunto.

Marcio Freitas é jornalista, relações públicas, consultor e escritor