Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

O protagonismo feminino na economia circular

8 de março de 2023
Compartilhe nas Redes Sociais

As mulheres são a grande maioria na formação básica dos cidadãos brasileiros, no ativismo de organizações sociais e no setor de reciclagem. Com presença marcante nessas áreas, elas se tornam protagonistas da prática de circularidade e sustentabilidade no Brasil. Além das conquistas históricas no mundo, o feminino também celebra neste 8 de março, Dia da Mulher, um movimento importante no sentido de cuidar para tornar a sociedade um lugar com menos lixo e em que tudo se transforma para ser novamente utilizado, assim como na natureza. 

A pesquisa “Perfil das Organizações Sociais e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público em Atividade no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2020, mostra que as mulheres representam 72% da força de trabalho em Organização Social (OS)  e 64% em Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), divulgou que em 2021 as mulheres eram 70% dos 800 mil trabalhadores em atividade no Brasil. 

“É muito interessante pensar o papel da mulher na economia circular, uma sociedade que não descarta, que vê todos os recursos e matérias-primas como circulares, produtos que estão sempre sendo reintroduzidos na natureza ou em processos industriais. A mulher tem atuado muito fortemente nos campos da visão mais ecológica e sustentável do mundo”, afirma a professora Sueli Furlan, doutora em geografia física e coordenadora do Movimento Circular. 

A professora comenta que a mulher tem um importante papel social na circularidade porque  participa da economia doméstica, do cuidado com os filhos, com a alimentação da família e está cada vez mais presente em todas as possibilidades de trabalho do mercado. “Ela introduz uma visão mais integrada no mercado, talvez mais arquetípica da nossa ligação com o observar, o cuidar, o promover o bem-estar, o manter uma família. Ocupam cargos, composições, difundem ideias. As mulheres contribuem com as diferenças”, afirma. 

Sueli avalia que as mulheres se destacam porque predominam em postos chaves de terceiro setor, em cooperativas, sistemas de triagem e indústria de reciclagem. “Ocupa a maioria dos postos nesse setor tão importante para fazer com que as matérias-primas circulem. Por ter sido caracterizado como um trabalho informal, a princípio isso marcou bastante a participação do contingente feminino nas cooperativas. As mulheres são predominantes numericamente e também nas ações para formar pessoas como professoras. No terceiro setor,  lideram grupos de ativistas e ocupam postos nas empresas em cargos de aprendizagem social para que processos industriais sejam mais ecológicos”, afirma.

Na economia circular, as conquistas femininas são relevantes. A professora cita desde a criação da Fundação Ellen MacArthur, criada para apoiar organizações sociais, liderada a princípio por uma mulher, até as ações de  transformação comportamental, com a divulgação, difusão, formação e educação, em que as mulheres são predominantes. “A adesão da mulher às questões ecológicas, por sua percepção de responsabilidade por um mundo mais saudável, para termos gerações mais comprometidas e responsáveis com o ambiente, é muito relevante na sociedade”, alega. 

Sueli Furlan, doutora em geografia física e coordenadora do Movimento Circular. 

Circular feminino

A designer circular Carla Tennenbaum defende que o circular é feminino. No Fórum de Economia Circular das Américas, no Chile, foi a única representante feminina e também a única representante da América Latina no evento de abertura. No blog Ideia Circular, ela contou que se convidou para compor a plenária de abertura na véspera. Em seu discurso, apontou que a economia linear é masculina, literalmente e metaforicamente, e a economia circular é feminina. 

“A economia linear foi criada por homens. Até pouco tempo atrás, eram só  homens dirigindo governos e empresas. Nós trabalhávamos em casa, cuidando da casa e das crianças. Só muito recentemente passamos a atuar tomando algumas decisões do mundo produtivo. Então literalmente, historicamente, a economia linear foi criada por homens, através das ações e decisões de homens”, afirmou Carla. 

Por outro lado, a economia circular fala de regeneração, de cuidado com o lugar que habitamos. “O cuidado, na nossa cultura, é uma função considerada feminina. E, como a maioria das funções femininas, ela é desvalorizada culturalmente e financeiramente. Os homens dirigem o mundo, tomam as decisões, geram valor financeiro às custas de um modelo destrutivo de extração. E nós ficamos em casa, cuidando. Ou ocupando as profissões associadas ao cuidado, de pessoas ou lugares: babás, professoras, enfermeiras, cuidadoras, faxineiras, empregadas domésticas, cozinheiras, arrumadeiras”, defende.

Para a designer, a transformação passa não só por promover mulheres a posições de poder. “Não é só sobre as mulheres, é sobre o feminino. Então, metaforicamente, a saída não é só valorizar as mulheres ou trazê-las a posições de poder dentro de um mundo masculino, mas valorizar o pensamento feminino em todos nós: homens e mulheres.  E o pensamento feminino é essa sabedoria não linear, intuitiva e sistêmica. Também é esse impulso regenerativo de cuidado, que precisa ir além da esfera doméstica, para nortear os homens e mulheres que tomam decisões políticas ou produtivas que afetam a nossa coletividade”, alega.

Setor plástico

A indústria do plástico sempre foi predominantemente masculina. Essa realidade persiste nos dias atuais, mas há um crescimento expressivo das mulheres na área, com destaque para suas participações em cargos de liderança.

A meta do Grupo Solvay, por exemplo, é obter a paridade de gênero até 2050, de acordo com seus objetivos de Diversidade, Equidade e Inclusão, que integram o item Better Life, um dos três pilares do programa global Solvay One Planet. No Brasil, onde o Grupo Solvay também atua com a marca Rhodia, as mulheres ocupam 33% dos postos de trabalho no nível de média e alta gerência. No comitê diretor da área global de negócios Coatis do Grupo, cujo headquarter fica no Brasil, a maioria é de mulheres. Dos sete postos, quatro são mulheres, incluindo a presidente Daniela Manique, que acumula essa posição com a presidência do Grupo Solvay na América Latina.

"Estamos avançando globalmente ano a ano em todos os nossos objetivos relacionados ao Solvay One Planet. Para nós, é evidente que ao atingirmos o equilíbrio de gênero com o aumento da presença feminina em todos os níveis e cargos estimulamos a colaboração e a busca por soluções diferentes, resultando em um ambiente mais inclusivo e seguro e no crescimento sustentável da empresa, diz Daniela Manique.

Daniela Manique, do Grupo Solvay

Outro exemplo de gestão feminina na cadeia produtiva é na Termocolor, empresa que atua no fornecimento de masterbatches e aditivos. Roberta Fantinatti, diretora administrativa, acompanha há anos a evolução da participação das mulheres nesse mercado predominantemente masculino.

"Feliz dia internacional da mulher, em especial, para as mulheres profissionais do plástico, competentes, dedicadas em lidar com desafios e na busca de soluções e que possuem capacidade de liderar, cuidar, ouvir. Com delicadeza, se superam e com comprometimento conquistaram direitos e respeito no mercado. Elas são a maior força do mundo, sem perder o encanto", diz Roberta.  

Roberta Fantinatti, diretora da Termocolor

Assine a nossa Newsletter:

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!
Criação de sites: Conectado
linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram