Por Miguel Bahiense

Em meio à pandemia do Coronavírus e diante de questões que têm refreado uma série de avanços no Brasil, nos últimos anos, o setor brasileiro dos plásticos tem se destacado positivamente no combate ao lixo nos mares.

Como licenciadora do Programa Internacional Operation Clean Sweep (OCS^®) no âmbito do “Fórum Ambiental dos Plásticos Por Um Mar Limpo”, em junho de 2020, a Plastivida deu início ao processo de implantação do Programa Pellets Zero - OCS^®. A meta de zerar a perda de pellets para os oceanos deve ser parte da governança das empresas e indústrias e não há dúvidas de que cada uma deve buscar fazer a sua parte. Nesse cenário, o objetivo do programa é auxiliar as empresas nessa empreitada.

O modelo de implantação do programa, baseado no Manual do Programa Pellets Zero - OCS^® e adaptado à realidade brasielria é totalmente inovador e segue os parâmetros estabelecidos em parceria com os 18 signatários do “Fórum Ambiental dos Plásticos Por Um Mar Limpo”.

As empresas que assinam o termo de compromisso com o Programa Pellet Zero - OCS® recebem a certificação com uma estrela e, com o processo de implementação do Programa, realizado em fases, graduações são acrescentadas a seu certificado, até a pontuação máxima de quatro estrelas. Neste momento, a empresa opta por seguir os parâmetros do OCS® Blue, conseguindo, assim a quinta e última estrela. Em apenas seis meses de atuação, 23 empresas já foram orientadas e certificadas pela Plastivida, sendo que uma delas já atingiu a certificação máxima, OCS® Blue, o que demonstra o compromisso do setor na preservação ambiental.

Esse compromisso não é recente. Há mais de 10 anos, a Plastivida se debruça sobre a temática do lixo nos mares, em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo – IOUSP, arregimentando conhecimento técnico para criar ações efetivas no combate ao lixo nos mares.

Comprometemo-nos efetivamente com a causa em 2011, quando foi lançado o Compromisso de Honolulu com o objetivo de estimular o compartilhamento de soluções para reduzir o lixo marinho em todo o mundo. No mesmo ano, em decorrência disso, foi assinada a “Declaração Global Conjunta da Indústria dos Plásticos” e a Plastivida tornou-se signatária.

Firmamos o convênio com o IOUSP para nos capacitarmos sobre o assunto, estabelecemos pilares para o convênio, entre eles o de conhecer e avaliar a questão no Brasil, dimensionar a relevância do Brasil para o cenário mundial do lixo nos mares, identificar a origem dos resíduos, estabelecer séries temporais de dados sobre o tema e, por fim, desenvolver e disseminar ações práticas de educação ambiental para mitigar a questão.

Em 2016, esse trabalho deu origem ao “Fórum Setorial dos Plásticos – Por Um Mar Limpo” (www.porummarlimpo.org.br), que promove estudos, interage com players mundiais sobre o tema e gera ações de prevenção e combate à questão, pautadas na educação ambiental.

O Fórum vem ganhando adesão dentro do setor e o resultado é que temos ampliado essa discussão com a sociedade, no Brasil e fora dele. Públicos diversos, como o meio estudantil e acadêmico, a militância ambiental, o poder público, os formadores de opinião e a sociedade de forma geral, com pontos de vista diferentes sobre o mesmo tema, têm se juntado a nós para enriquecer o debate e promover soluções.

O Congresso Brasileiro do Plástico tem aberto espaço para essa importante temática a cada edição e este ano não será diferente. A Plastivida marcará presença no evento para apresentar os avanços sobre a questão do lixo nos mares, mas também para ponderar que ainda há muito que fazer. Cada um de nós dessa cadeia produtiva tem a contribuir para que esse pleito tome proporções ainda maiores.

Miguel Bahiense é graduado em Engª Química (UFRJ), pós-graduado em Comunicação Empresarial (FAAP/SP) e é presidente da Plastivida – Instituto Socioambiental dos Plásticos.