Por Gerson Haas*
Comemorar 20 anos em um período histórico como esse em que enfrentamos uma das maiores pandemias mundiais com a COVID-19 nos faz refletir sobre trajetórias que nos trouxeram até aqui e, muito mais, nos faz repensar seriamente sobre o futuro. Atuo na indústria do plástico há 25 anos. Acompanhei de perto muitas transformações do setor. Percebi o quanto a criação do Polo Petroquímico de Triunfo – o terceiro do País - trouxe avanços para o nosso Estado. E já são quase 40 anos dessa história. Nosso setor cresceu – hoje empregamos mais de 380 mil funcionários diretos no Brasil -; protagonizou avanços importantes para nossas empresas; trouxe inovações para o modo de vida das pessoas; e, acima de tudo, luta diariamente pela sua valorização. Há duas décadas nossas indústrias já buscavam o protagonismo no mercado. Trabalhavam para mostrar à sociedade a presença daquele material – ainda jovem – no dia a dia das pessoas, das empresas, do mundo.
O plástico, desde sua origem, acompanha a evolução do mundo. Certamente, aviões comerciais de grande porte não decolariam sem a presença desse material nobre em sua estrutura. Mais certo ainda é que muito mais pessoas já teriam perdido a vida nessa pandemia se não fosse o plástico colaborando com os protocolos de higiene, com a embalagem de alimentos, com as seringas e EPIs descartáveis nos hospitais. Temos que lembrar também que por detrás dessa história temos uma grande indústria que nunca mediu esforços na busca do melhor custo-benefício da matéria-prima, que sempre correu atrás do conhecimento, participando de feiras e eventos setoriais e auxiliando na fundação de escolas, cursos técnicos e de graduação na área do plástico. Propôs a diferentes governos a criação de programas setoriais pelo desenvolvimento do setor da transformação, lutou e luta pela diminuição da carga tributária, mostrando sempre o quanto uma indústria forte dá retorno a uma sociedade e faz a economia girar. Com todos esses avanços, ainda é um setor que busca a sua valorização. A sociedade resiste em perceber o plástico como um material nobre. Parece que não enxerga o quanto ele traz facilidades ao dia a dia, contribui com o aprendizado das crianças e, ainda mais, o quanto protege e salva vidas. Há poucas semanas nossos governantes estavam impondo a proibição do uso de descartáveis plásticos em bares, restaurantes, sem imaginar que dias depois esses utensílios se tornariam fortes aliados na prevenção da COVID-19.
Mas a indústria acompanhava de perto e já alertava: esses itens são uma questão de saúde pública, nas ruas, nas casas, nos hospitais. As sacolas, se descartadas corretamente e com consciência, são material nobre. A sociedade precisa delas, assim como do copinho e do canudo. Talvez o mundo precisou ter um vírus batendo na porta de cada um, sem escolher língua, cultura ou classe social, para entender o plástico como solução. Para perceber que se cada um fizer a sua parte ou pelo menos o melhor a partir de si mesmo certamente teremos uma sociedade mais evoluída, agora e depois. Mas, ainda assim é preciso colocar a mão na consciência e talvez entender isso como um dos maiores ensinamentos da atualidade. O plástico protege pessoas, animais, a agricultura, embala alimentos e transporta, com mais higiene e menos recursos. Portanto, é vital para a economia e para a rotina das pessoas e precisa ser assim valorizado, ontem, hoje e sempre. E um dos caminhos para isso, certamente, é o acesso à informação. Parabéns Revista Plástico Sul pelos seus 20 anos. Que a consciência de cada um nos deixe escrever juntos ainda muitas boas histórias do nosso setor.
*Presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS)