As importações brasileiras de produtos químicos no primeiro semestre do ano totalizaram US$ 19,2 bilhões, aumento de 11,8% em relação a igual período de 2017, o que praticamente iguala o resultado aos níveis prévios ao ciclo de retração da economia brasileira que se iniciou em 2014. Em termos mensais, desde fevereiro deste ano são seguidamente registrados incrementos importantes no valor importado, cujo total, em junho, foi de US$ 3,7 bilhões. Em volume, as compras de produtos estrangeiros foram de praticamente 17,9 milhões de toneladas, uma retração de 14,2% na comparação com o primeiro semestre de 2017 devida, fundamentalmente, ao recuo nos últimos meses em aquisições de intermediários para fertilizantes, grupo que representa mais da metade das quantidades movimentadas (em todos os demais grupos de produtos acompanhados foram registrados aumentos que oscilaram entre 5% e 25%).
Os preços médios das importações brasileiras desses produtos subiram 11,6% até junho (no mercado norte-americano a ureia, um dos principais nitrogenados, teve aumento superior a 49% nos últimos doze meses, segundo a consultoria GreenMarket), o que inevitavelmente levará a um agravamento da balança comercial até o final do ano com a retomada das compras desses produtos. Quanto às exportações, os últimos fracos resultados mensais (destacadamente o mês de maio, quando as vendas de US$ 862 milhões significaram o pior desempenho para um único mês desde idos de 2008) e o anúncio da desmotivadora redução da alíquota do Reintegra, de 2% para ínfimos 0,1%, se traduziram em um valor acumulado no primeiro semestre, de US$ 6,5 bilhões, que não conseguiu superar o resultado dos últimos anos para o período e somente não foi pior devido ao aumento de 18,3% nos preços médios dos produtos químicos exportados pelo País.
O déficit acumulado da balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 12,7 bilhões no primeiro semestre deste ano. Nos últimos 12 meses (jul/17 a jun/18), esse indicador alcançou o valor de US$ 25,5 bilhões, sinalizando que, mesmo com uma modesta recuperação do crescimento econômico em 2018, o déficit setorial deverá ser o maior desde 2014, ano em que se iniciou o recente ciclo de baixa da economia nacional. Para o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, é indispensável que a agenda da competitividade esteja no centro da discussão das políticas públicas adequadas para o País. “Enquanto Estados Unidos e China escalam uma ‘guerra comercial’ sem precedentes, que pode colocar o Brasil na rota de desova de um volume enorme de produtos que não conseguirão colocação nesses mercados, o Governo resolveu extinguir o Regime Especial da Indústria Química (REIQ) a partir de setembro de 2018 e reduziu a alíquota do Reintegra para ínfimos 0,1% desde junho.
Medidas como essas evidentemente estão na contramão do que é necessário para que o setor químico, altamente estratégico para toda a indústria nacional, consiga sobreviver e voltar a investir. O atual Governo indiscutivelmente tem que reavaliar essas decisões à luz da crescente taxa de desemprego, hoje de 12,7% segundo o próprio IBGE, e qualquer que seja a futura administração terá que priorizar a agenda da competitividade para que o Brasil possa retomar um ciclo de desenvolvimento econômico sustentável”, enfatiza Figueiredo.