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Tempo instável

22 de setembro de 2020
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O furacão chamado covid-19 atingiu diversas indústrias, mas os fornecedores de aditivos seguem confiantes em dias ensolarados

Estávamos no primeiro trimestre de 2020. O ano de 2019 tinha superado as expectativas de muitos fabricantes de aditivos, assim como da indústria em geral. Parecia enfim que havia uma retomada econômica no Brasil e era possível, com esta estabilidade, tirar os projetos antigos das gavetas. Mas um tsunami sem proporções atingiu a China e veio parar no nosso país numa velocidade mais rápida do que o esperado. Era o coronavírus chegando com força bruta na saúde das pessoas e das empresas até então saudáveis.

“Os desafios para o ano de 2020 são imensos, o ano começou muito bem para a Procolor comparado aos períodos anteriores, com um crescimento exponencial bem significativo, mas a pandemia chegou com força total”, explica Roberto Clauss, diretor da Procolor. O empresário diz que o valor do dólar foi nas alturas e para controlar a situação a Companhia teve que trabalhar cliente a cliente em relação a precificação, já que preza por parcerias longas, saudáveis e duradouras. “Trabalhamos no limite dos preços”, revela.

Certamente o ponto mais alto desse furacão chamado covid-19 foi o início do 2º trimestre, quando indústria e comércio em um país continental como o Brasil paralisaram de forma mais significativa suas atividades. “Podemos destacar o mês de abril de 2020 como um dos piores do cenário da econômico mundial, inclusive já estávamos com um projeto em andamento para trabalhar com um estoque reduzido e com a chegada da pandemia esse projeto ganhou força, indo de encontro com o que planejamos para ter uma empresa saudável, com a economia em dia, com o pensamento no controle total dos produtos produzidos e com zero desperdício, ou seja, trabalhamos mês a mês de forma segura” revela Clauss.

A Cromex é exemplo de empresa que já estava adotando estratégias mais seguras de gestão de materiais. “Já estávamos tomando, ainda mesmo antes da pandemia, uma gestão estratégica dos insumos essenciais em nossa atividade produtiva. Tivemos um grande sucesso e eficácia na manutenção do fluxo de matéria prima e mantivemos todos os clientes abastecidos sem ruptura de fornecimento, mantendo a qualidade nos produtos e serviços” explica Cesar Ortega, diretor comercial da empresa. Para Ortega a variação do Dólar e sua instabilidade é uma constante na economia, independentemente do momento que vivemos. Ele explica que houve casos onde a reformulação atenuou o alinhamento de preço de venda, mas há situações, dado a especificidade do produto, onde não tem o que fazer. “Nestes casos a melhor forma é a transparência com os clientes/parceiros e montar um caminho comercial que atenda os dois lados”, diz o executivo.

 O diretor da Colorfix, Francielo Fardo, também acredita que o início do 2º trimestre foi o mais desafiador. Fardo explica que  que muitos clientes da Colorfix pararam por mais de 20 dias durante os meses de abril e maio, afetando diretamente o faturamento e a rotina da empresa. “Diante de tantas incertezas a Colorfix contou com apoio de toda a cadeia produtiva, desde clientes, fornecedores e em especial nossa equipe interna que se ajustou a todas as exigências e novos cuidados além de novas rotinas impostas pela pandemia” afirma o empresário citando ainda como diferencial do período o apoio do Governo federal quanto a questão de redução de jornada e outras medidas de apoio às empresas.

 A questão cambial é preocupação unanime entre os fornecedores de aditivos. “Realmente estamos passando por um momento desafiador em nossa indústria, pois a oferta de produtos químicos com base de preços em Reais é muito escassa”, reflete Fardo. Ele explica que o  padrão é sempre determinado pelo dólar, independente se um fornecedor produz localmente, com maioria dos insumos nacionais, ou comercializa insumos importados localmente.  O diretor da Colorifx revela que essa volatilidade cambial que vem ocorrendo desde meados de 2019, e se intensificou em 2020 devido a Pandemia, levou a empresa a tomar medidas que buscassem amenizar estes impactos. “Reduzimos os estoques dos insumos, com o propósito de consumir nosso estoque regulador e diminuir o impacto do custo médio; e reduzimos as importações diretas, aumentando as aquisições de produtos nacionalizados em volumes menores e com melhores negociações de preços e prazos, para diluir o impacto da variação, aproveitando momentos estratégicos e propícios para compra”, revela o empresário.

Praticamente todas as atividades humanas foram afetadas pela pandemia e na Braschemical não poderia ser de outra forma. “Já nos primeiros dias, todas as atividades que permitiam trabalho remoto foram liberadas. A empresa disponibilizou para os funcionários equipamentos e sistemas operacionais para garantir a continuidade das operações. Viagens e visitas à clientes foram suspensas. Reuniões passaram a ser virtuais. O já tão falado ‘Novo Normal’”, aponta o coordenador de negócios da empresa, Daniel Santos.

A Braschemical tem fornecedores na Europa, Estados Unidos e Ásia. Desde antes da crise do Covid 19 a empresa  já vinha acompanhando muito de perto a situação da oferta de matérias primas na China devido à questões ambientais. Desta forma, aprimorou suas programações de compras e desenvolveu planos de ação ágeis para driblar imprevistos. “Ou seja, estávamos bem preparados e não faltou produto para ninguém. Tivemos sim um impacto nos custos de logística e no tempo de entrega. A falta de containers também tornou as operações mais complexas”, cita Santos

Quanto à questão cambial, o executivo ressalta que os preços praticados pela Braschemical são dolarizados, assim como acontece com os competidores que oferecem produtos com qualidade. “Desta forma, nossa  competitividade não se alterou muito”, explica o executivo, enfatizando que o que demanda mais cuidado e monitoramento constante é a grande amplitude da variação cambial.  

Demanda

O ano de 2020 está sendo desafiador. Com tantos imprevistos há indústrias que apresentaram crescimento com a pandemia e outras que tiveram quedas vertiginosas. Nesta gangorra, os fornecedores de aditivos sentiram os impactos. Cesar Ortega, da Cromex, afirma que alguns segmentos demandaram mais neste período em comparação ao mesmo período do ano anterior, mas mesmo assim inferiores a projeção de crescimento que havia para este ano. O executivo destaca sopro, embalagens flexíveis e plasticultura como setores com desempenho constante e sustentável neste período.

O diretor da Procolor, Roberto Clauss, também destaca os processo de transformação de sopro e filmes acrescentando injeção. Porém revela que os segmentos de bens de consumo, médico-hospitalar e para contato com alimentos cresceram exponencialmente. “Tivemos uma gama de grandes produtos vendidos, mas os destaques ficaram para os produtos de código CPE 9080, CPE 2205 e CPE 5030 do portfólio da Procolor”. Segundo Clauss, os produtos que mais apresentaram queda foram para transformação de brinquedos e automotiva. “O cenário atual vem mostrando que as empresas ainda buscam a retomada total e as incertezas geram preocupações”, comenta o empresário.

Daniel Santos, da Braschemical também salienta a indústria automotiva como a que apresentou grande queda no desempenho durante a pandemia, mas sinaliza que este mercado está se recuperando lentamente. A maior preocupação da empresa, porém, é com os segmentos têxtil e calçadista. Já no quesito aquecimento de demanda, Santos avaliza os produtos ligados à embalagens de alimentos, fármacos e de delivery. “O mercado de construção teve uma queda no início mas se recuperou rapidamente”.

Antivirais

Em tempos de pandemia muitas são as reflexões da sociedade quanto ao consumo de produtos que ajudem a diminuir a propagação de um vírus. Mas há questões para se refletir como, por exemplo, se o consumidor está realmente disposto a pagar mais por este tipo de conforto ou se o material realmente combate o vírus específico do Covid-19. Mas talvez essa preocupação em utilizar produtos antivirais e antibactericidas perdure no pós-pandemia como uma nova forma de evitar o contágio de outras doenças. Só o futuro dirá.

“As empresas e consumidores finais olham essa possibilidade com certa parcimônia, alguns desses produtos antivirais e antimicrobiano já temos no mercado, mas um produto que de fato traga essa segurança de ser efetivo ante o Covid-19, temos conhecimento que está em fase de estudo por ser um novo vírus, mas nada comprovadamente efetivo e eficaz”, explica Roberto Clauss, da Procolor. Ele sinaliza que os aditivos antivirais e antimicrobianos têm um custo elevado e os transformadores atualmente buscam recuperar os prejuízos dos meses passados, portanto, algumas empresas não querem agregar por hora esse “custo” a mais no seu produto. “O receio deles é de que seu cliente final não pague o valor por um produto com benefícios agregados e o motivo notório é que esses clientes também sofreram uma oneração nos seus ganhos mensais ou mesmo perderam os empregos frente a essa pandemia global”, diz Clauss.

Cesar Ortega, diretor da Cromex, explica que a empresa está recebendo algumas consultas de clientes interessados em bactericidas . Mas faz um alerta: “Os clientes estão associando bastante o problema do COVID com o uso do antimicrobiano mas infelizmente são coisas distintas. As bactérias e fungos são micro-organismos unicelulares e assim o antimicrobiano funciona. Já para Vírus, o mecanismo é distinto e estamos trabalhando em um desenvolvimento especifico para aditivos antivirais”.

A Braschemical tem observado o interesse crescente em produtos que ofereçam diferenciais nos aspectos de higiene e proteção microbiológica. Para Daniel Santos, o consumidor está muito mais atento aos riscos envolvendo sua saúde. “A Troy oferece um programa de parceria onde o cliente recebe assistência técnica permanente e acompanhamento de laboratório microbiológico para garantir a eficácia dos biocidas. Esse programa, sem custos adicionais para o cliente, permite agregar valor ao produto através do selo de qualidade MICROPEL PROTECTED que pode ser usado em seus produtos, embalagens e peças de publicidade”, explica.  Produzidos pela Troy na Europa e Estados Unidos, são indicados para combater micro organismos em materiais e superfícies sintéticas, tais como como calçados hospitalares, colchões e travesseiros, capinha de celular, mouse pad, tecidos de decoração, móveis e muitos outros.

Aditivos para reciclagem

A necessidade urgente de implantarmos uma economia mais circular do que linear está fazendo com que a indústria se movimente para criar soluções práticas destinadas à cadeia de reciclagem. Sabe-se porém que há diversos obstáculos neste sentido, principalmente no que tange a qualidade do material reciclado. Neste sentido, os aditivos podem ser grandes auxiliares.  Clauss explica que a Procolor está em constante atuação com clientes que fazem frente ao uso de resinas recicladas, mas destaca que o Brasil precisa melhorar muito na questão de origem do material, seleção e legislação, com informações nas embalagens sinalizando o percentual utilizado do reciclado para maior controle e segurança do consumidor final. “Atualmente temos muitos estudos sobre o aproveitamento das resinas recicladas e para os próximos anos teremos um avanço significativo nessa questão. Porém devemos andar de mãos dadas com um controle e regulamentação eficaz para esse tipo de produto”. Nesta área o empresário apresenta novidades. “Temos inovações, principalmente pensando em transformações de filmes convencionais e técnicos onde o uso é crescente”, diz. Quando se pensa em peças injetadas, ainda há um campo amplo a ser explorado. “Há a uma certa resistência dos transformadores, falta de uma equipe técnica especializada e/ou mesmo um antigo conceito que ao recuperar ou utilizar um reciclado pode se ter problemas na peça final, pensando principalmente em questões técnicas como propriedades mecânicas e térmicas”, revela. Clauss salienta, porém, que a Procolor tem comprovação que o uso correto pode gerar ganhos econômicos e ambientais, sem contar com soluções externas como aditivos que possam conferir ou melhorar algumas dessas propriedades dos polímeros virgens e reciclados.

Para César Ortega, da Cromex, o grande desafio das resinas recicladas é a manutenção das propriedades finais dos produtos. “O uso de resina reciclada pode trazer redução de propriedades mecânicas, presença de géis e/ou pintas pretas e também odor característico. Isso muitas vezes limita seu uso”, explica. Neste contexto entram os aditivos, com o objetivo de corrigir ou melhorar as limitações da resina reciclada. O executivo cita como exemplos o extensor de cadeia para PET que aumenta a viscosidade, os antioxidantes que evitam a degradação, os redutores de odor que capturam o cheiro característico do reciclado ou os toners que melhoram o aspecto visual, dentre outros inúmeros aditivos.

Para Francielo Fardo, da Colorfix, a resina reciclada é o caminho do futuro,  juntamente com os bipolímeros e demais ações sustentáveis.  O diretor concorda que, por ser oriunda de diversas fontes, a cor da resina PCR nem sempre poderá ser mantida, ocorrendo variação de tonalidade entre um lote e outro. Ele explica que nem sempre o masterbatch será capaz de corrigir esta variação e por este motivo deverão ser criados novos critérios para o desenvolvimento das cores, como por exemplo, optando por cores mais neutras como pretas, cinzas ou beges além de se considerar tolerâncias maiores na aprovação das cores.  Por se tratar de resina pós-consumo, algumas de suas propriedades podem ser perdidas. Para isto, Francielo afirma que a Colorfix pode fazer a correção através de aditivos, como por exemplo: Oxifix, para  evitar a degradação da resina durante o processamento; Whitefix , para melhorar a aparência melhorando o amarelado do produto final; Modificadores de impacto, para melhorar as propriedades de resistência ao impacto; Bactifix, para evitar a proliferação de fungos e bactérias e consequentemente o aparecimento de manchas, odores e até mesmo a perda de propriedades mecânicas; Uvfix, para aumentar a vida útil da peça final; Processfix HP – melhorar a desempenho do material.

BOX

Parceria como ferramenta indispensável

A relação entre cliente e fornecedor é fundamental para manter-se em tempos difíceis

Apesar dos estragos econômicos causados pela pandemia do convid-19, já se vê um olhar de otimismo nos empresários do setor. Isso por que mesmo que saibamos que a crise não terminará ao mesmo tempo que o coronavírus, o 1º semestre do ano já começou com resultados melhores, demonstrando leve retomada da indústria.

Para a Termocolor o ano de 2019 foi fechado com crescimento acima de 30% que era o objetivo inicial da Companhia. “Entramos em 2020 embalados no ritmo de 2019, até março continuamos atingindo as metas planejadas”, explica o gerente comercial Wagner Catrasta. O executivo afirma que em abril foi sentido o “baque” propriamente dito, com clientes parando linhas de produção em torno de 70%, solicitações de postergação de pagamentos  entre outros. “Porém em maio já tivemos uma sensível recuperação nos números que seguiram crescendo gradativamente até junho, e a tendência para frente é bem  positiva”, acredita Catrasta.

Para avançar mesmo em tempos difíceis a Termocolor adotou uma postura ainda mais próxima ao seu cliente. “Apesar da distância imposta pela pandemia transmitimos segurança e confiança de que estaríamos aqui esperando pela retomada do mercado”.  Além disso, a empresa  diminuiu o quadro de funcionários através de redução de jornada e colocou todos colaboradores em grupo de risco trabalhando Home office.  “Continuamos com nossa fábrica ativa durante todo o período crítico da pandemia, seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde”. Por estar trabalhando continuadamente o diretor explica que surgiram novos negócios e retomada de antigos que haviam perdido no passado para o mercado Asiático. “Rapidez no atendimento foi nosso ponto chave neste momento”.

Outra ação de destaque da Termocolor vem do campo social. Logo no início da pandemia foi criado um comitê de risco e uma das primeiras ações foi buscar fazer algo para atender  o setor de saúde pública. “Identificamos que poderíamos atuar na produção de máscaras de proteção tipo “Face Shields”.Levamos esta ideia para alguns clientes que aceitaram de imediato fazer parte desse projeto humanitário”, explica.  Inicialmente a produção seria de cerca de 50.000 unidades para atender somente o Estado de São Paulo, mas o projeto ganhou corpo rapidamente e foi finalizado com 150.000 máscaras entregues em 17 Estados brasileiros de norte a sul do País, chegando a comunidades nas divisas do Peru e Bolívia. “Recebemos também o reconhecimento do Governo do Estado de São Paulo, por coordenar  e levar a frente este projeto que demos o nome de Empresas do Bem”. 

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