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A desafiadora meta de projetar cenários

19 de fevereiro de 2024
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Por André Castro: CEO Après21 - Consultor do Sinplast-RS

Nos seus estudos descritos na Teoria Geral, John Maynard Keynes considerava: A cada piora do quadro de expectativas, resultante de um agravamento da incerteza, maior se torna o valor conferido pelos agentes econômicos ao dinheiro, crescendo o prêmio de liquidez e a taxa de juro monetária. Paralelamente, menores se tornam o investimento, a demanda agregada e os níveis de produção e emprego.

As incertezas sobre as quais fala Keynes estão associadas à imprevisibilidade sempre presente nos estudos e análises de cenários. Apenas extrapolar a média histórica e somar variáveis de sensibilidade pode não alcançar a meta de projetar cenários. Aprendemos recentemente com os fatos o quanto a incerteza pesa, gerada por fatores imprevisíveis ou imponderados nas previsões, mudando a balança de forma contundente. Como exemplo, olhamos para 2019, ano que se apresentava com uma expectativa de crescimento após longo período de desaceleração em nível global. Abertura para acordos comerciais, com exceção da guerra tarifária recém-discutida entre EUA e China, recuperação econômica e pesados investimentos na transição energética, suportados por um preço de petróleo que navegou na faixa dos USD 60 a USD 70,00 por barril durante todo o ano. A maioria das análises indicava para 2020 uma retomada com melhora na demanda por produtos e, por consequência, a cadeia do plástico estava bem-posicionada para atender essa esperada demanda. Estimava-se um crescimento global vindo de 2,9% em 2019 e avançando para 3,3% em 2020, com projeções sustentáveis para os anos seguintes. Os investimentos em 2018-2019 em capacidades de plantas petroquímicas, com custos de petróleo e nafta favoráveis, buscavam o equilíbrio no balanço da oferta e demanda. A China despontava nos investimentos, lastreada nas projeções positivas de crescimento, buscando reduzir sua dependência das importações. No Brasil, a taxa de dólar variava entre R$ 3,50 e R$ 4,00 durante o ano, e os indicadores de resinas PE nos EUA estavam na faixa de USD 850,00 a USD 900,00 por tonelada FOB, e PP na Ásia entre USD 900 e USD 1.000,00 por tonelada FOB, o cenário para a indústria era favorável. O gráfico abaixo ilustra esse cenário:

Então, entramos no ano 2020 com notícias que pareciam vir de um filme futurista, imagens impressionantes originadas pelos fatos ocorridos em Wuhan, China. E o imponderável se fez presente, na forma da pandemia da COVID-19, e ainda que alguns dissessem que era esperado, pelas questões biológicas etc., na magnitude ocorrida, ninguém.

A partir dali e do que sucedeu, com seus efeitos em cadeia, não conseguimos mais alcançar o equilíbrio de demanda e oferta, competitividade, eficiência energética e crescimento sustentável pelo desdobramento dos seguintes eventos:

- Os fortes investimentos em produção de resinas petroquímicas encontraram-se com um panorama de demanda limitada, afetado por crise imobiliária na China, crise bancária nos EUA, desaceleração global e conflitos geopolíticos;

- Guerra Rússia x Ucrânia com redesenho das sanções, limitações energéticas etc.; - Inflação global aquecida alavancando taxas de juros, reduzindo investimentos, criando incertezas (Keynes)

- Conflito Israel x Hamas e região, atos terroristas contra o transporte internacional;

- Graves eventos climáticos que prejudicam as operações normais de produção e logística.

Pela concomitância destes fatores, o ano de 2024 começou exigindo resiliência e preparação para a indústria plástica brasileira, num contexto de excesso de oferta, preços em elevação e baixa demanda. Além disso, os fluxos comerciais se desviam e migram na busca de mercados, impactando os preços de toda a cadeia. Diante disso, trabalhar com margens de segurança, planejamento no abastecimento x forecast de vendas, gestão mais “stick to the plan” e não tanto “wait and see” podem fazer a diferença para um melhor resultado. Ou seja, a atitude convicta de seguir o plano, e não esperar para ver, tem permitido as melhores decisões no mercado."

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