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Por Márcio Freitas: jornalista, relações públicas, consultor e escritor

O ano passado testemunhou um recorde de pedidos de recuperação judicial no Brasil, destacando a vulnerabilidade econômica de diversas empresas, incluindo gigantes como a Americanas. O aumento de 70% em relação a 2022, conforme apontado pela Serasa Experian, evidencia os desafios enfrentados por 1405 empresas, sendo 135 grandes companhias e 939 pequenos e médios negócios. A inadimplência, impulsionada pela alta taxa de juros, agravou a situação, levando muitos negócios a buscarem uma saída na recuperação judicial. Nesse contexto, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), introduziu uma abordagem inovadora, incorporando aspectos ESG (ambiental, social e governança) nas transações tributárias a partir de novembro de 2023.

A Portaria 1241/23, tem como foco aumentar a transparência dos critérios de classificação dos créditos passíveis de negociação. Esta medida vai além do tradicional escopo tributário, considerando a função social da empresa e sua contrapartida à sociedade. Trata-se de uma oportunidade para as empresas devedoras negociarem com a União, oferecendo contrapartidas ESG. Essa abordagem alinha os interesses do Estado em avaliar a capacidade de pagamento do contribuinte com a responsabilidade ambiental e social das empresas, destacando uma abordagem mais sistêmica e sustentável na resolução de litígios fiscais.

Observando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas transações, a decisão da PGFN enfatiza o compromisso com a sustentabilidade socioambiental. A celebração de transações tributárias não é mais apenas sobre aliviar a dívida, é uma oportunidade de contribuir para a sociedade. Esta alteração normativa reforça práticas já adotadas pela PGFN, proporcionando maior prazo ou flexibilização às empresas que têm iniciativas com ganhos socioambientais. Esse reconhecimento destaca a crescente importância do ESG na dos negócios, reforçando a ideia de que empresas comprometidas como a governança corporativa e com a responsabilidade socioambiental capturam ganhos que muitas vezes nem pensaram em obter quando apostaram nessa dinâmica de negócios.

Em um primeiro momento, nem Matriz de Materialidade ESG, nem métricas específicas serão usadas para conceder descontos. As empresas interessadas deverão apresentar projetos detalhados explicando como a quantia que seria paga em multa será alocada em áreas ESG específicas. Empresas que operam com impactos ambientais podem propor ações que beneficiem diretamente as comunidades afetadas, seja por meio da criação de espaços verdes ou revitalização de áreas. A iniciativa da PGFN não apenas redefine a abordagem nas transações tributárias, mas também reflete uma crescente conscientização sobre a importância dos negócios estarem atrelados ao ESG. Mesmo com obstáculos e desafios econômicos, a adoção de práticas sustentáveis não é apenas uma escolha ética, mas agora revela uma estratégia inteligente para reestabelecer negócios e contribuir para um futuro mais sustentável.

Não tem como avaliar essa medida da PGFN como negativa, tampouco não há como negar que ela desperta questionamentos. É a chance de empresas transformarem um limão em uma limonada, ou punições em ações de impacto positivo. Entretanto, esta Portaria não contém nenhum dispositivo de sanções claras para o descumprimento das contrapartidas das empresas, o que pode gerar dúvidas sobre a garantia de uma fiscalização à altura da importância.

Na prática, é crucial assegurar um acompanhamento eficaz das medidas ESG, a falta de cumprimento das metas estabelecidas exige uma avaliação cuidadosa sobre a eficácia da medida. O risco de greenwashing é visto pelos especialistas como uma das grandes preocupações, destacando a necessidade de um filtro rigoroso para evitar práticas enganosas. Quem irá fazer, como irá fazer e quando são questões a serem observadas daqui para frente. A proposta da PGFN representa um passo audacioso na interseção ente responsabilidade fiscal e compromisso sustentável, mas será um grande desafio equilibrar a implementação efetiva das contrapartidas ESG com o risco greenwashing, garantindo que o benefício se traduza em ações concretas para o desenvolvimento sustentável.

* Por Márcio Freitas

A comunicação é uma ferramenta de gestão imprescindível para qualquer negócio, embora nem todos os gestores a percebam assim. Mas é a comunicação que permeia todas as etapas da gestão, transportando mensagens e diretrizes que empresas e instituições públicas e privadas escolhem projetar ao tomar suas decisões. Para quem dedicou mais de 25 anos à comunicação, com foco em ações de responsabilidade social e ambiental, não é surpresa que os desafios atuais para o desenvolvimento econômico exijam um esforço adicional das empresas, independentemente de seu porte ou área de atuação. Por outro lado, as mudanças atuais representam igualmente uma oportunidade valiosa neste novo ambiente de negócios.

Nossa era empresarial está passando por três grandes transformações, as quais não podemos mais ignorar. Diferentemente de grande parte do século XX, quando as companhias frequentemente priorizavam o lucro acima de tudo, hoje, qualquer empresa, independentemente de seu porte, tem de levar em consideração o impacto social e ambiental de suas operações. Estamos testemunhando uma mudança geracional que tem força e está pressionando os atores do mundo empresarial a redefinirem valores e atitudes para fazer negócios. Cresce em todos os segmentos da sociedade uma consciência de valorização pela simplicidade, baseada no menos é mais, na preservação ambiental e no respeito às diferenças. O consumo consciente está se tornando uma norma, com as decisões de compra influenciadas diretamente pela tecnologia, que disponibiliza rapidamente informações sobre produtos, processos e práticas empresariais.

A pressão por soluções para mitigar os problemas ligados às mudanças climáticas, e uma maior restrição aos modelos de consumo insustentáveis, estão na ordem do dia, em forma de movimentos coletivos e individuais, mostrando cada vez mais uma postura fiscalizadora, disposta a punir empresas e instituições que agirem em desacordo com as regras do jogo. As redes sociais e a Inteligência Artificial (IA), colocam todas as empresas sob crescente escrutínio e algumas precisam se reinventar e adotar práticas mais responsáveis, canceladas por má reputação, preço alto para sua atuação no mercado.

Vivenciamos uma transformação rápida no cenário empresarial, o que costumava levar anos, agora é um curto ciclo que se renova constantemente. As empresas precisam se relacionar com a sociedade e suas demandas sociais e ambientais. Atuar de acordo com princípios éticos e práticas responsáveis, tornou-se crucial para a sobrevivência de pequenos, médios e grandes negócios. E este é o momento para se adaptar a esse novo paradigma, ou enfrentar consequências sérias logo mais.

Diante desses cenários, nossa missão é facilitar a incorporação de conceitos e práticas de inteligência de mercado e ESG nas operações de pequenas e médias empresas e instituições de qualquer segmento da economia. Embora tenha se tornado mundialmente conhecido a partir de 2021, o termo ESG surgiu em 2004, em uma publicação do Pacto Global (PWC) em parceria com o Banco Mundial. Os critérios ESG estão totalmente relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pelo Pacto Global, iniciativa que envolve a ONU e várias entidades internacionais. Na tradução para o português, ESG significa Ambiental, Social e Governança. Esses pilares representam os principais fatores que as empresas devem considerar para operar de forma sustentável e responsável, observando ganhos com redução de riscos, uso racional dos recursos, eficiência energética, melhoria no ambiente interno e boa reputação no mercado, além da criação de valor para a marca. Independentemente do tamanho do negócio ou setor de atuação, todas as empresas podem se beneficiar da adoção de práticas ESG.

Muitas pessoas ainda perguntam quais os ganhos em desenvolver estratégias de comunicação com inteligência de mercado e práticas ESG. É dentro de casa que as empresas percebem os primeiros ganhos, com o fortalecimento da relação com os colaboradores internos, grandes aliados no processo de renovação de práticas. As empresas que adotam práticas ESG são reconhecidas pelos colaboradores diretos e indiretos como mais responsáveis e comprometidas com o futuro do planeta, apontam pesquisas. A redução dos custos com práticas de eficiência energética, conservação de recursos, eliminação de desperdício, redução de resíduos e outras medidas preventivas, que geram economia significativa, também são exemplos a serem perseguidos. Atualmente, é impossível sobreviver sem uma reputação aceitável na opinião pública. As pesquisas apontam que as empresas com práticas ESG desfrutam de uma melhor reputação no mercado, o que pode se traduzir em atração de investimento, aumento de vendas, criação de valor de marca, confiança e fidelidade dos clientes.

O Brasil está no centro dos debates sobre mudanças climáticas e transição energética. Governos de quase todos os países estão introduzindo regulamentações que exigem das empresas práticas mais sustentáveis no aspecto amplo do termo. Atuar em conformidade abre caminho para novos mercados, evita multas e penalidades que atrapalham os negócios. Além disso, empresas que integram governança e responsabilidade social e ambiental em suas estratégias se preparam melhor para o enfrentamento de crises e desafios futuros.

O propósito deste trabalho é inspirar pequenas e médias empresas e instituições a aprimorarem suas práticas, por meio de escolhas que gerem resultados financeiros, sociais e ambientais, fortalecendo marca e reputação institucional, condições adequadas para a trilha destes mercados cada vez mais competitivos e seletivos. Nossa missão é apoiar a gestão de nossos clientes com uma comunicação inteligente, alinhada aos princípios e práticas ESG, ajudando as empresas a se reinventarem para os embates comerciais, marcados por critérios ambientais, sociais e de governança transparente. Queremos demonstrar que a atuação não requer investimentos massivos. Com a adoção de práticas ESG, seu negócio atrairá mais clientes, será visto pelo mercado e pelos públicos de interesse com outros olhos. Isso resultará na criação de valor sólido, base para expansão das próximas conquistas.

*Marcio Freitas
Jornalista, Relações Públicas, Escritor e Consultor de Comunicação e Negócios.

A tecnologia aplicada ao tratamento do lodo industrial garante a recuperação de 95% dá água para reuso industrial, o que gera benefícios ambientais e econômicos. A empresa atende setores que consomem grandes quantidades de água, como a indústria de transformação e o agronegócio, o que promove a consideração das diretrizes ESG.

Além disso, a equipe da Quattro T é composta por engenheiros que fazem a filtração e separação de sólidos e líquidos, oferecendo soluções personalizadas de recuperação de água. A companhia também oferece consultoria inicial e suporte na implementação de projetos, o que ajuda os clientes a operar de forma autônoma.

"Atualmente, o mercado disponibiliza inúmeras soluções para tratamento de lodo e soluções para estações de tratamento de esgoto (E.T.E), porém cada lodo contém sua particularidade e cada solução sua performance", explica o Eng Eduardo Rotta Lovato, diretor de operações da Quattro T. Segundo ele, o estudo de viabilidade, que analisa a performance de distintas tecnologias, se torna fundamental para a implantação de um projeto eficiente.

*Por Diana Queiroz

Quando ouvimos falar sobre o ESG, qual a primeira coisa que vem em nossa mente? Certamente, algo relacionado ao meio ambiente deve liderar a maioria das respostas. Embora o conceito esteja ganhando cada vez mais relevância no mundo corporativo, é fundamental chamarmos atenção acerca da importância das organizações também se atentarem a outras práticas inclusas no termo: o Social (S) e a Governança (G).

ESG é a abreviação de Environmental, Social and Governance ou também como é conhecido no Brasil, ASG, que corresponde a práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa. O termo tornou-se conhecido em 2004, em uma publicação do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria om o Banco Mundial. O conceito foi idealizado a partir de uma provocação do então secretário da ONU, Kofi Annan, a 50 CEOs de grandes instituições financeiras sobre como integrar esses aspectos nas operações.

Convém lembrar que, mesmo passados quase 20 anos, vimos recentemente um verdadeiro boom do termo, principalmente durante a pandemia. Como prova disso, um estudo do IBM Institute for Business Value (IBV) mostrou que o ESG está sendo tratado com alta prioridade por 76% dos executivos. Como justificativa para esse crescimento, está a urgência em manter a sobrevivência dos negócios e a criação de medidas eficazes para combater os impactos ambientais e sociais.

Partindo deste contexto, é preciso dar a devida atenção as práticas que levam ao encontro dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), ainda mais considerando a mudança do padrão de comportamento da sociedade que reflete um dos muitos impactos que a pandemia deixou.

Cada vez mais, as empresas que asseguram a qualidade de vida das pessoas que fazem parte da organização estão sendo reconhecidas por implementarem políticas no ambiente de trabalho, que valorizam os profissionais através de maior diversidade, inclusão, equidade de gênero, saúde e bem-estar – deixando claro que estes movimentos devem ser realizados de forma abrangente e transparente entre todos os envolvidos.

No entanto, esse movimento não deve ser visto simplesmente do lado de dentro, pois, para além das paredes que formam a corporação, existem outros públicos envolvidos e que também precisam deste cuidado. São eles: os clientes, os parceiros, a comunidade no em torno e os fornecedores.

Neste aspecto, entre as empresas que já possuem práticas ESG, o Brasil tem se mantido alinhado, segundo o que mostra uma pesquisa do ManpowerGroup. Em seus dados, 42% das empresas no país estão priorizando o pilar social, enquanto no contexto global este número diminui para 37%. Esse resultado chama a atenção por si só, considerando o fato de que o mundo globalizado ao qual estamos inseridos possui divergências acerca dos avanços da agenda ESG. Entretanto, há muito o que evoluir ainda.

Certamente, aplicar uma nova cultura organizacional embasada no ESG não é uma tarefa fácil, tendo em vista que esse é um movimento que ocorre de dentro para fora. Contudo, os resultados dessa ação são obtidos através do maior engajamento do time, construção de um ambiente de trabalho saudável, bem como o melhor posicionamento da companhia.

Diante disso, fica a lição de casa para os líderes: que busquem entender as necessidades e impactos que suas empresas têm na sociedade e então, tracem como meta projetos condizentes com a agenda ESG, visto que esta é uma pauta urgente e essencial. Cuidar das pessoas é o que irá garantir um futuro melhor.

*Diana Queiroz é coordenadora de gestão e gente do Grupo Skill.

Com o propósito de agregar sustentabilidade aos seus processos e ações, grandes empresas têm aderido, cada vez mais, às práticas que estejam em sintonia com os princípios básicos de ESG. Entre elas está a Natura, um dos maiores players de beleza do Brasil, que há tempos defende um posicionamento transparente, de preocupação com o meio ambiente, seus aspectos sociais e de preservação de recursos naturais. Uma postura que ganha visibilidade a partir de seu programa Natura Ekos, que busca construir rastreabilidade dentro da cadeia de produção.  

E se de um lado existe a Natura, utilizando materiais autoadesivos para seus rótulos, de outro está a Avery Dennison, líder mundial em ciências de materiais, responsável por fornecer esses materiais para os produtos da marca. Ambas com uma preocupação em comum: fazer a destinação correta dos liners, provenientes do processo de etiquetagem e que eventualmente poderiam sobrecarregar ainda mais os aterros, a partir de um descarte desenfreado. 

Para colocar esse propósito em prática e estabelecer uma verdadeira sinergia com todos os protagonistas dessa cadeia de produção, a Avery Dennison criou o AD circular, em 2019, no Brasil. Um programa pioneiro de economia circular do qual a Natura faz parte e tem como objetivo reciclar os resíduos de aplicação de rótulos e etiquetas, transformando-os em outros produtos que podem ser novamente utilizados pela empresa, como papel toalha, itens plásticos, entre outras soluções. 

Entretanto, diante de uma longa cadeia produtiva, com um grande número de envolvidos, principalmente, quando se incluem nessa lista os parceiros que contribuirão para que os processos sejam mais sustentáveis, a Avery Dennison estabeleceu sua parceria com a Boomera Ambipar, para que a rastreabilidade pudesse ser empregada de forma efetiva e eficaz. Desta maneira, homologando fornecedores e processadores de liners para uma logística reversa na prática, a atuação da Boomera junto à Natura viabilizou a reciclagem de mais de 49 toneladas desses resíduos nos últimos 02 anos, que foram transformados em papel cartão, reutilizados pela empresa como embalagens da linha Ekos.  

“A partir do Programa AD Circular estabelecemos esse processo junto à Natura e temos contribuído para a circularidade do setor. A rastreabilidade permite que todos saibam como e em quais proporções essa reciclagem está sendo feita, uma das melhores alternativas para que haja total controle dessas ações. Os resíduos recolhidos da Natura são direcionados à Polpel, que os transformam em polpa de celulose. Essa matéria-prima é depois direcionada à MD Papéis, que a partir desses insumos fabrica o papel cartão que será utilizado novamente pela Natura, nas embalagens da linha Ekos. O resultado é nítido, a indústria gera menos lixo, alivia os aterros e ainda poupa a utilização de recursos naturais, o que impacta diretamente no mundo que deixaremos para as futuras gerações”, destaca Gustavo Fonseca, gerente de inovação da Boomera. 

Os resultados de parcerias  estabelecida junto a Natura pelo Programa AD Circular, permitem que a Avery Dennison mantenha sua meta de assegurar, que até 2025, suas operações sejam 95% livres de aterros, 75% dos resíduos sejam reutilizados e que 70% de toda a cadeia tenha acesso à reciclagem de liner e esqueleto.  

“O Programa AD Circular é uma das nossas iniciativas atreladas ao objetivo 12 dos ODSs da Organização das Nações Unidas, que diz respeito ao consumo e produção responsáveis. Desde seu início, há pouco mais de dois anos, mais de 4 mil toneladas de resíduos foram recicladas e processadas. Atualmente, mais de 50 empresas participam dessa iniciativa e seguimos trabalhando para ampliar essa atuação em toda a cadeia, sempre em busca de novos parceiros”, destaca Cecilia Mazza, gerente de sustentabilidade da Avery Dennison, na América Latina.  

Recentemente expandido para outros países da América Latina, como o México, o Programa AD Circular do Brasil foi vencedor de uma das mais importantes premiações para a Avery Dennison, o Environmental and Sustainability Award, categoria de sustentabilidade do prêmio internacional Label Industry Global Awards 2020. A parceria com a Natura foi também recentemente reconhecida na 15ª edição do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, realizada neste ano de 2021.  

Fonte: Renan Rodrigues

A economia e o meio ambiente estão cada vez mais interligados. E uma das provas dessa realidade é a tributação das indústrias de reciclagem. Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal (STF) admitiu o creditamento de PIS/COFINS na compra de sucata – desperdícios, resíduos ou aparas, com a possibilidade de reduzir em aproximados 9% a carga tributária de empresas que atuam no setor. O entendimento partiu da ótica da proteção ao meio ambiente e de que não seria razoável a legislação restringir o benefício fiscal à parcela da cadeia produtiva que se alinha com as diretrizes de proteção ambiental quando adquire mercadoria reciclável (sucatas de papel) para fins de industrialização de embalagens de papelão.

A advogada Regiane Esturílio, do escritório Esturilio Advogados, atenta para o fato de a repercussão geral tratar de outros tipos de aparas ou sucatas – incluindo também plástico e vidro. “O que gerou o ganho de causa foi o aspecto ambiental. No caso da empresa em questão, ao invés de derrubar árvores para delas extrair matéria prima para fabricar caixas de papelão, está reciclando e usando a sucata da própria caixa para fazer uma renovada. O mesmo vale para reciclagem do plástico, vidro e outros materiais. Temos que estar atentos, porque as figuras que circulam na mídia mostram imagens de árvores, como se a questão tributária debatida beneficiasse apenas as empresas de celulose e papelão”, observa a tributarista.

Setores como o de embalagens têm características tributárias específicas. Entre as principais obrigações dessas empresas, incluindo as indústrias que produzem papel de fibra virgem, é apurar o imposto de renda pelo lucro real e cumprir com obrigações acessórias referentes, como a entrega da declaração do IR; a DCTF, que é a declaração de tributos federais; o expede eletrônico; e a emissão de nota fiscal eletrônica.

Já as que fazem reciclagem, com a decisão do STF, passaram a ter a carga tributária do setor reduzida em aproximadamente 9%. “No caso das embalagens, além do PIS e da COFINS, pode haver direito a créditos de IPI na aquisição desses resíduos”, complementa Regiane.

Há ainda uma discussão, que não está definida no Judiciário, sobre a questão de créditos de ICMS na aquisição de vários itens que integram o processo produtivo e gerariam créditos de ICMS, pois as fazendas públicas estaduais são contra. Um exemplo é o que ocorre na indústria de celulose que utiliza, em suas esteiras, produtos que são consumidos e desgastados na produção de caixas de papelão renovadas.  O fisco, porém, considera que apenas aquilo que integra o produto final dá direito ao crédito de ICMS.

Em todas as compras de telas, feltros e de instrumentos de corte da esteira há ICMS destacado na nota, mas o fisco não aceita o crédito do imposto para a indústria, no momento da venda da caixa, por considerar que tais mercadorias não integram o produto final. Contudo, a lei diz que, quando se desgasta ou se consome algum material no processo produtivo, isso também dá direito a crédito. “Essa é uma situação bem controversa e que não está pacificada ainda”, diz a tributarista.

ESG e o futuro das questões tributáveis

Os princípios da agenda ASG: Ambiental, Social e Governança – ESG na sigla em inglês – estão se estruturando nas empresas. Para a tributarista, essa é uma tendência sem volta, que ajuda na melhoria da imagem da indústria, e nas questões de código de conduta. “O repúdio ao cometimento de corrupção, de práticas contra a lei de concorrência, aliado à proteção do meio ambiente pela valorização das empresas sustentáveis, que usam insumos e matérias-primas não degradantes ou que se preocupam com o tratamento adequado de resíduos, são condutas que deverão ser cobradas de forma mais contundente com os princípios ESG”, aponta.

É importante frisar que, quando a tributação sobre atividades econômicas dá tratamento diferenciado, de modo a prejudicar quem adota essas boas condutas num determinado ramo de atuação, há a possibilidade de discussão na Justiça, como aconteceu no caso do PIS/COFINS sobre aparas. “O fundamento foi que a lei tributária prejudicava as recicladoras, restando por incentivar a agressão ao meio ambiente já que o meio produtivo mais prejudicial era contemplado pelo creditamento.”  Em situações tais, a tributação está onerando mais aquele que age em direção à proteção do meio ambiente, sendo necessário lançar mão de instrumentos que invertam essa lógica, e a adequem à Constituição Federal”, conclui a advogada.

*Por Samanta Pineda

Empresas que não adotarem conceitos modernos de sustentabilidade, não sobreviverão no mercado ao longo dos próximos anos. A adoção de boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) se consolidou como essencial para qualquer empresa se manter relevante, seja ela pequena ou grande. O descarte consciente, a redução das emissões de gases de efeito estufa, gestão de recursos hídricos e a promoção da diversidade e inclusão, estão entre as medidas que as empresas estão começando a adotar.

A pesquisa “Respondendo às tendências do consumidor na nova realidade”, realizada pela KPMG, aponta que, para os brasileiros, os aspectos ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) são mais relevantes do que em outros países na hora de consumir.

A pesquisa analisou como as principais tendências do consumidor impactam as organizações em 12 mercados distintos entre maio e setembro de 2020. Ao todo, 25% dos consumidores afirmam que ao menos um fator de ESG é importante na hora da escolha da empresa ou produto que quer consumir.

O Brasil, ao longo de sua história, tem inovado na legislação ambiental e no modo de produzir e, a partir da década de 2000, a sustentabilidade do sistema de produção passou a ser reconhecida como prioridade e influenciou na adoção de iniciativas ESG pelas empresas, tornando os negócios sustentáveis.

Isso também tem refletido na Bolsa de Valores. Hoje, o investidor não se preocupa apenas com o lucro, mas também com o bem que a empresa faz. A boa notícia é que empresas interessadas em migrar para um sistema sustentável terão capital, já que investidores estão interessados em financiar esses projetos.

Uma das opções são os Títulos Verdes ou “Green Bonds”, títulos de renda fixa utilizados na captação de recursos para implantar ou refinanciar projetos e ativos que tenham atributos positivos do ponto de vista ambiental ou climático. É um mercado relativamente novo, mas que está grande expansão. Somente em 2019, US$ 260 bilhões foram emitidos em Títulos Verdes no mundo. Já para 2020, a estimativa é de aproximadamente US$ 350 bilhões em emissão de Títulos.

O Título Verde pode ser emitido por qualquer empresa, desde que ela consiga demonstrar a destinação dos recursos e o impacto positivo ao meio ambiente.

*Advogada atuante especialista em Direito Socioambiental, habilitada como Coordenadora de Gestão Ambiental pela DGQ da Alemanha, Professora de Direito Ambiental no MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo e de Brasília, no INSPER/SP, na Fundação Escola Superior do Ministério Público do RS e no Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio IBDA (Faculdade CNA) de Brasília. É colunista do Jornal TerraViva e apresentadora do programa Ação Sustentável no canal Agromais do Grupo Band. Sócia fundadora do escritório Pineda e Krahn Sociedade de Advogados.

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