Durante a pandemia da covid-19,que ainda não terminou mas está numa fase mais amena, muitos foram os setores que sentiram fortes impactos nos resultados e que até hoje tentam se reerguer. O segmento de controle térmico para a indústria do plástico, no entanto, demonstrou crescimento no período apesar de enfrentar importantes desafios, principalmente no que tange aumento de custos de matérias-primas e impostos. Para chegar a tal conclusão, a Revista Plástico Sul consultou três empresas fabricantes destes equipamentos que avalizaram o bom desempenho advindo das oportunidades do mercado e também os obstáculos que tentaram, mas não conseguiram, empatar os empresários do segmento.
A Mecalor é uma empresa especializada em engenharia térmica, atendendo a diversos segmentos industriais, incluindo o setor de plásticos, que é um dos mais importantes. O carro-chefe da companhia no setor é a linha de chillers (unidades de água gelada), que são equipamentos que geram água gelada para moldes de injeção, sopro, termoformagem e para extrusoras de todos os tipos. Em segundo lugar por ordem de relevância, há o DryCooler AluDry (resfriamento de água industrial), que é um dos produtos que mais crescem no setor, servindo ao resfriamento de óleo hidráulico, moldes e motores elétricos de injetoras ou condensadores de chillers a água, reduzindo drasticamente consumo de água. Além disso, a empresa tem uma gama ampla de produtos para nichos específicos como, por exemplo, no segmento de injeção e sopro, onde oferece termorreguladores a água ou óleo térmico (TMR) de todos os tipos e tamanhos, desumidificadores de ar para moldes (UAS), sistemas individualizados quente/frio de dupla zona (Termochiller DUO). Na área de extrusão de balão, por exemplo, há as unidades de ar frio (UAF) que controlam a temperatura do ar do anel de ar e IBC com precisão.
“O grande destaque deste ano é o lançamento da linha de chillers Smardt Turbocor, que são equipamentos com compressores centrífugos “oil free” com mancais magnéticos. Em termos de eficiência energética é a tecnologia mais promissora do mundo, sendo fabricada no Brasil agora pela Mecalor com licenciamento da Smardt (Canadá), que é o maior fabricante de chillers Turbocor do mundo” explica Marcelo Zimmaro, diretor comercial da Mecalor. Este produto, segundo o executivo, pode fazer uma revolução no segmento de plásticos, especialmente nas centrais de água gelada, reduzindo o consumo em até 50% em relação aos sistemas tradicionais.
O outro destaque importante, salientado por Zimmaro, é o fechamento da parceria com a suíça HB-Therm para o mercado latino-americano incluindo é claro o Brasil. A HB-Therm é um fabricante de termorreguladores super premium especializados em moldes de injeção plástica, com tecnologias inovadoras e reconhecidas globalmente. “Por exemplo, termorreguladores a água para trabalhar até 200°C e com garantia vitalícia da resistência de aquecimento devido a uma tecnologia exclusiva. A Mecalor entrará com toda a força de pós-vendas e atendimento ao cliente, disponibilizando ao mercado um produto de altíssimo nível”, ressalta.
Na indústria do plástico existem setores que tiveram um excelente desempenho, por exemplo, embalagens de alimentos, produtos farmacêuticos, equipamentos hospitalares e até mesmo os descartáveis, que voltaram a ganhar importância com a pandemia. Nestes setores, houve um incremento significativo dos investimentos em equipamentos, impulsionado pelo aumento da demanda e da produção. Existem outros setores que não tiveram um desempenho tão bom, como o de utilidades domésticas e componentes automotivos por exemplo. “Tivemos também a crise de custos de commodities. Colocando isso tudo em um caldeirão, o comportamento do mercado é muito positivo, muitos investimentos sendo realizados e projetados para este ano ainda e para os próximos. Mesmo quem está vendendo menos, está aproveitando o momento para colocar a casa em ordem, com expectativa de melhora no futuro”, pondera o executivo.
Na visão de Zimmaro, o principal desafio é o aumento de custos de todos os lados, que atinge a todo tipo de indústria, em especial commodities e energia elétrica. O diretor comercial explica que na indústria de máquinas de refrigeração, o cobre e aço tiveram grandes aumentos, além da falta de produtos no mercado, que a Mecalor conseguiu superar com aumento de estoque e muito dinheiro investido. Já na seara das oportunidades o executivo enxerga as tecnologias mais eficientes em termos de uso de energia elétrica e água limpa, o que justifica nosso investimento em produtos como Chiller Turbocor e DryCooler AluDry.
Analisando os desafios e aproveitando as oportunidades, a Mecalor seguiu crescendo mesmo durante a pandemia. “A empresa já vem de um ritmo de crescimento forte da ordem de 20% a.a. nos últimos anos. Em 2020 tivemos um desempenho muito positivo, acima das nossas expectativas, inclusive com crescimento e recorde de faturamento, apesar de um primeiro semestre complicado (COVID). O segmento de plásticos corresponde a cerca de 30% do nosso faturamento, se olharmos apenas este recorte, também tivemos um crescimento de dois dígitos”, aponta Zimmaro.
Ao olhar para o futuro, o executivo aposta em um crescimento contínuo e sustentável. Com base nessa previsão, a empresa está investindo na triplicação da área fabril, que deverá ficar pronta ainda em 2021. “Estamos otimistas com o mercado e com a economia, sabemos que governos vão e vem e o Brasil está ‘sempre em crise’, porém, não podemos tomar decisões de longo prazo baseando-se em circunstâncias de curto-prazo. Estamos olhando para o planejamento de 2030 e investindo em novos produtos, novos negócios, internacionalização, tudo isso para cumprir nossos objetivos”, observa.
Recentemente a Mecalor investiu na expansão da fábrica e novos escritórios, que será moderna e sustentável. Além desta parte de infraestrutura, a empresa investiu ainda em P&D um percentual expressivo de seu faturamento, na criação de novos produtos e desenvolvimento de novos mercados. Vale mencionar também a aquisição de 100% da Transcalor, que passou a fazer parte do grupo este ano. “Todos estes investimentos estão em linha com a nossa estratégia de crescer de forma sustentável e ganhar cada vez mais competitividade no mercado global de equipamentos de controle térmico”, finaliza o diretor comercial da Mecalor.
A Aquatech, braço do grupo Piovan responsável por controle de temperatura de fluídos, oferece sistemas de Refrigeração para água gelada da linha Slim ou Easycool, sistemas de Dry Coolers para água industrial da linha Aryacool, sistemas de Termocontroladores para aquecimento de água ou óleo das linhas TMW e THP e sistemas combinados da linha Digitemp de múltiplas saídas que podem resfriar ou aquecer. As tecnologias mais recentes da empresa são os Dry Coolers da linha Aryacool, modulares, com controle automático de temperatura e a linha Digitemp de Termochillers que trabalham com temperaturas de 6°C a 90°C. “Os equipamentos Aquatech são desenvolvidos visando três pontos: Economia de energia, máximo controle de processo e aumento de produtividade”, explica Ricardo Prado, Vice-Presidente para América do Sul.
Para o executivo, o principal desafio no Brasil é lidar com os altos impostos. No entanto, avalia Prado, as oportunidades são enormes, com um mercado que está amadurecendo no sentido de valorizar cada vez mais a qualidade, assistência e sobretudo o estrito controle dos processos, ferramenta fundamental para ganhos de produtividade e aumento dos lucros. “Todos estes pontos vão ao encontro da filosofia dos nossos sistemas, beneficiando bastante o Grupo Piovan”, diz o vice-presidente.
Prado explica que a Piovan do Brasil seguiu crescendo desde antes da pandemia, continuou durante 2019 e 2020. “Graças ao trabalho dos nossos comprometidos colaboradores e ao reconhecimento do mercado, continuamos crescendo em 2021”. As perspectivas da empresa são muito boas também daqui para frente.” A Aquatech e as demais empresas do Grupo Piovan tem bons planos para o futuro”, adianta. Nos últimos meses a empresa investiu em desenvolvimento de novas soluções de controle de temperatura para indústria alimentícia, plásticos e também em aumento de capacidade da fábrica de Osasco.
A Refrisat oferece ao mercado Chillers, Termorreguladores, Drycoolers, Torres de resfriamento aberta e fechada, Resfriadores em geral, Termochillers e outros, além de projetos especiais.
Como novidade recente, a empresa apresenta seu sistema na nuvem chamado INFINITY. “Com ele nossos clientes tem acesso 24hs a uma série infinita de possibilidade e variáveis que fazem com que possam controlar e acompanhar dados sobre seus equipamentos em linha ou até mesmo conectados a outros de suas produções”, explica o diretor de operações Eder Parras.
Como principais características do Infinity, o executivo cita: integração máxima a produção 4.0; mais tecnologia e eficiência no acompanhamento de produtividade com base no funcionamento de periféricos; melhor planejamento a longo prazo de gastos, manutenção e diversas outras variáveis.
Parra acrescenta que, no final de 2019, a empresa se tornou o maior grupo de controle térmico da América Latina quando a HBR adquiriu a marca REFRISAT. “Isso nos trouxe mais flexibilidade com fornecedores e por isso nos tornou mais fortes e com uma estrutura mais robusta de atuação. Sendo assim, conseguimos melhorar nossos preços e por isso aumentar nosso Market share ainda mais”, salienta o diretor de operações. Parra explica que no período anterior à pandemia a empresa vinha em um crescimento mais tímido, mas constante todos os anos. “Em outubro de 2019, após a aquisição da HBR conseguimos aumentar em mais de 20% as nossas vendas apenas nos meses pré pandemia”.
Para 2021 a REFRISAT espera pelo menos 30% de crescimento em faturamento, assim como aconteceu no ano passado. “Em 2022 a expectativa é de crescimento constante ou maior, principalmente com base nos investimentos que fizemos esse ano com nova sede, novos produtos no portfólio e intensificação de processos produtivos de fornecimento”, destaca.
Como investimento recente, Parras cita o aumento do parque fabril para o dobro. “Com essa nova estrutura esperamos aumentar a produção e com isso diminuir prazos de entrega e melhorarmos processos produtivos com o consequente barateamento dos equipamentos comercializados no mercado”, finaliza o diretor de operações.