Por Mauricy Kawano*
Em tempos de combate ao novo Coronavírus, alguns materiais começam a ganhar espaço nos lares brasileiros. Uma delas é o plástico. Considerado vilão e visto como um dos principais poluidores da natureza, o plástico torna-se cada vez mais importante no combate ao vírus, seja na fabricação de materiais de proteção seja na sua utilização para o descarte de outros materiais.
O plástico é um material central do símbolo da luta contra o coronavírus. Ele compõe as embalagens para serviços de delivery e retirada de alimentos em restaurantes e bares, o que permitiu o funcionamento desses estabelecimentos. É o plástico que armazena os recipientes de álcool, de álcool gel, produtos de higiene e limpeza diversos e de embalagens que envolvem e que compõem as máscaras, luvas, Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e outros materiais.
Nos hospitais, suas resinas estão presentes desde lençóis, cortinas, no piso e até mesmo em seringas, desfibriladores e equipamentos de imagens. Algumas delas como o polipropileno e o PVC estão presentes no tubo de oxigênio, nas bolsas de soro e sangue, cateteres e tubos para exames. O policarbonato está presente ainda em componentes de sistema de respiração artificial e reanimação mecânica, como as máscaras, conectores de tubos e mangueiras, recipiente de umidificação de ar em ambiente de UTI, além de outras resinas presentes em ventiladores e máscaras pulmonares, dutos, filtros de ar, entre outros itens. Todas elas produzidas para que não haja qualquer tipo de contaminação no ar e para que ele possa chegar limpo aos pulmões dos pacientes. Segundo a ONG americana focada na sustentabilidade dos ambientes hospitalares Practice Greenhealth, cerca de 25% dos resíduos produzidos por hospitais são de plásticos.
O plástico tem uma importância essencial no descarte de substâncias contaminadas. É nos sacos plásticos de diferentes cores e com sinalização adequada que os materiais com o vírus são colocados e descartados até chegar a uma estação adequada de tratamento ou a um aterro sanitário. Isso sem falar do seu uso para descarte do lixo comum e reciclável. Mesmo em residências, o plástico é um aliado. Assim que uma pessoa chega em casa, pode utilizar sacos plásticos para colocar roupas, sapatos e objetos antes de serem higienizados. É possível reaproveitar as sacolas plásticas desde que sejam higienizadas adequadamente.
Com o aumento do consumo do plástico, se faz necessário pensar em novas formas de reciclagem desses materiais. O plástico possui um alto potencial de reaproveitamento por meio da reciclagem mecânica que possibilita a transformação em materiais como pisos, embalagens (não alimentícias), mangueiras e sacos de lixo; da reciclagem química, que realiza a transformação substâncias químicas e para a matéria-prima em refinarias e centrais petroquímicas; e na reciclagem energética que permite o aproveitamento do plástico como energia e combustível.
As possibilidades são muitas mas também há barreiras. Os processos são caros e o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), o país consumiu 6,5 milhões de toneladas de transformados plásticos e recicla 25,8% do total. Precisamos investir em novas técnicas e estratégias para aumentarmos o índice de reciclagem e reaproveitamento do plástico. O plástico é uma substância vital para a nossa sociedade, especialmente em um período crítico como o do combate ao novo Coronavírus. Por isso, a reciclagem dessa substância se torna cada vez mais essencial. Se torna uma questão que vai além dos impactos ambientais, mas também tem efeitos sobre a saúde e toda a nossa vida em sociedade.
*Coordenador de sustentabilidade da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e membro do Comitê Técnico do Instituto Paranaense de Reciclagem (InPAR)
Sobre o InPAR
O Instituto Paranaense de Reciclagem (InPAR) é uma instituição que tem o propósito de operacionalizar um sistema de logística reversa de embalagens pós-consumo, visando atender às determinações impostas pela legislação vigente no âmbito estadual e federal. Fundado por seis sindicatos industriais (Sincabima, Sindicarne, Sindiavipar, Sinduscafé, Sinditrigo e Sipcep), com o apoio da Fiep.